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Morto Em Ataque à Tiros No RJ.

Meses Antes De Ser Executado, Ex-Vereador Zico Bacana Relatou Ter Sido Atacado a Tiros Por Traficantes.

Ação aconteceu no mesmo local em que o ex-parlamentar e PM reformado foi morto, na última segunda-feira, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio

Um dos três mortos com tiros de fuzil, durante um ataque feito por homens armados, na última segunda-feira, em uma padaria, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, o ex-vereador e PM reformado Jair Barbosa Tavares, mais conhecido como Zico Bacana, já havia escapado de outra ação semelhante, ocorrida no mesmo local, no dia 4 de fevereiro de 2023. Em um registro feito na 31ªDP (Ricardo de Albuquerque), Zico afirmou que três traficantes fizeram disparos contra ele porque queriam instalar um ponto de drogas no local e o teriam reconhecido como policial militar.

Ele foi salvo após pedir ajuda a PMs que chegaram a trocar tiros com os bandidos. Segundo o registro, Zico estava comprando gelo numa padaria, próximo à esquina das Ruas Enéas Martins e Francisco Portela, por volta das 10h10, quando percebeu duas pessoas correndo . Ele perguntou o que estava acontecendo e ouviu que homens armados estariam se aproximando. Em seguida, ele disse ter avistado três homens que dispararam tiros em sua direção. Mesmo armado, o policial reformado alegou não ter feito disparos, preferindo apenas se abrigar atrás de um poste. Em seguida, ele alega no documento ter telefonado pedindo ajuda para a Polícia Militar. Ainda de acordo com o relato, PMs do 9ºBPM (Rocha Miranda) chegaram ao local em poucos minutos, se envolvendo numa troca de tiros com os traficantes.

Na delegacia, seis policiais militares disseram no registro ter feito mais de 60 disparos. Apesar disto, ninguém ficou ferido. O endereço da troca de tiros de fevereiro é o mesmo onde o ex-parlamentar foi baleado, nesta segunda-feira. Na ocasião, homens armados que estavam em um carro prata pararam o veículo em frente a uma padaria, na esquina das Ruas Enéas Martins e Francisco Portela, e fizeram disparos. Feridos, Zico Bacana, Jorge Barbosa Tavares, irmão do ex-parlamentar, e o garçom Marlon Correia dos Santos, que passava pelo local e foi atingido por uma bala perdida, não resistiram e acabaram morrendo ao dar entrada em hospitais da região. Uma quarta pessoa, que a polícia investiga ser segurança de Zico, foi ferida por estilhaços. Ela será ouvida por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital, responsáveis por investigar o caso. Ao liberar o corpo de Zico no Instituto Médico-Legal, parentes do ex-vereador relataram que ele vinha recebendo ameaças de traficantes do Complexo do Chapadão.

O corpo de Zico foi sepultado, nesta quarta-feira, no Cemitério e Irajá, e teve a presença do deputado federal Pedro Paulo, ex-secretário de Fazenda, de quem Zico Bacana era amigo. Ainda na segunda-feira, após o anúncio da morte, o político postou nas redes sociais uma foto ao lado do ex-vereador e disse: “Hoje perdi um grande amigo (…) Que triste. Que atrocidade. Espero que esses assassinos sejam, o quanto antes, encontrados, presos e punidos severamente (…)”. O deputado estadual Val Ceasa também esteve na despedida, mas não preferiu não falar com a imprensa.

Zico era um apaixonado por Guadalupe. Alguém que nasceu e viver a vida toda ali. Que lutava para que ali tivesse dignidade, ruas asfaltadas, árvores podadas e praças bem cuidadas. Uma pessoa família e que vocês estão tendo a oportunidade de ver a quantidade de família. Tinha dez irmãos e foi covardemente vitimado pela violência afirma Pedro Paulo, que completou:

Espero que a polícia cumpra seu papel de investigar e saber quem são os culpados de sua morte, e que (eles) sofram todo rigor da lei. Falava comigo todos os dias. Saía para correr e me falava “rua tal está com um buraco”. Nunca comentou sobre as ameaças, mas sabemos que é uma área tensa de conflitos, uma área muito perigosa concluiu o deputado.

Zico Bacana foi citado na CPI das Milícias, em 2008, como um dos chefes de grupos paramilitares que atuavam na regão de Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, mas nunca foi sequer indiciado.

O mandato de Zico Bacana como vereador foi entre 2017 e 2020, pelo Podemos. Durante o mandato, ele também levou um tiro na cabeça, mas de raspão, enquanto estava em um bar, em 2020. Na ocasião, homens saltaram de dois carros e passaram a atirar contra Zico, que reagiu. Seguranças que estavam com ele também atiraram.

Na época, peritos encontraram 15 marcas de disparos no carro blindado de Zico, que estava estacionado a poucos metros do bar. No chão do estabelecimento comercial, foram encontradas 35 cápsulas de munição. Dois homens foram mortos no tiroteio à época. Um deles era Davison Ferreira da Silva, o Da Roça, integrante do tráfico da favela Final Feliz, uma das que formam o Complexo do Chapadão, e teria participado do ataque.

O corpo de Zico Bacana foi sepultado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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  • Rosiane Stephanie

    Rosiane é editora de conteúdo de várias editorias no portal 7Minutos.

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