Pela segunda vez no dia, um relator de processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados mudou o voto de última hora, e o parlamentar se livra da denúncia . O último beneficiado foi Nikolas Ferreira (PL-MG), que obteve 12 pelo arquivamento e 5 contra. Uma hora antes, a deputada Carla Zambelli também escapoi de processo da mesma forma.

Conclui-se pela aptidão e pela justa causa da representação, devendo, pois, ser dado seguimento ao processo,

Trecho do relatório do deputado Alexandre Leite que depois foi desautorizado por ele mesmo.

O que disse o relator

Alexandre Leite afirmou iniciamente que a atitude de Nikolas poderia ser considerado passível de transfobia por demonstrar intolerância e despeito por mulheres trans e travestis

Ele disse que, ao colocar uma peruca, o deputado estaria perpetuando esteriótipos negativos e contribuir para marginalização da comunidade trans e travesti. O episódio ter ocorrido no dia da Mulher agravaria o fato.

Outro aspecto ressaltado pelo relator foi a imagem negativa que a Câmara ficou ao não ocorrer um debate de qualidade, o que minaria a confiança da sociedade em relação ao parlamento.

No final, o relator, porém, desconsiderou os argumentos apresentados por ele mesmo e defendeu o arquivamento. A única sanção sugerida foi uma censura por escrito.

A postura do relator foi criticada pelos deputados de esquerda. Foi a segunda vez na tarde que um deputado foi livrado de processo por mudança de posição de relator em cima da hora.

Acusações contra Nikolas

O centro da denúncia foi Nikolas usar uma peruca e dizer que era Nikole durante discurso na tribuna do plenário da Câmara. A fala ocorreu no Dia da Mulher e o deputado declarou que tinha “lugar de falar” porque naquele momento “se sentia mulher”.

O pronunciamento foi considerado transfóbico por PSOL, PDT, PT e PSB que acionaram o Conselho de ética por entender que Nikolas foi ofensivo com mulheres trans e travestis.

Para mostrar um histórico de suposto comportamento preconceituoso de Nikolas foi citado que ele publicou vídeo reclamando que uma trans saiu do banheiro feminino e se recusou a reconhecer o gênero da deputada trans Duda Salabert (PDT-MG).

O que diz Nikolas

O deputado começou a defesa afirmando que os fatos do banheiro e da deputada são anteriores ao mandato. Acrescentou que eles não deviam ser levados em conta.

Ele confirmou que é a favor de banheiros e de esportes femininos sejam exclusividade de mulheres cis. Nikolas declarou estar certo de que a maioria dos brasileiros pensa igual.

Por fim, alegou que há perseguição política na denúncia e que partidos de esquerda fazem acusações contra pessoas que pensam diferente.