IAí? ChatGPT-5
Por que a atualização irritou tantos usuários e o que ela realmente traz de novo
Novo modelo, que dividiu opiniões, virou padrão na ferramenta de IA, gerou reclamações e fez a OpenAI anunciar mudanças.

Apesar de queixas, atualização também traz avanços positivos
O lançamento do GPT-5 entregou avanços relevantes, mas não o salto que parte do público esperava. A expectativa criada por meses era de que, com a sua chegada, estaríamos todos diante de uma transformação radical na ferramenta de inteligência artificial mais popular do mundo, acessada por 700 milhões de usuários por semana.
No fim, não foi isso que aconteceu na semana passada, quando a OpenAI enfim apresentou a versão ao mundo.
Houve, de fato, progresso em áreas como programação e segurança.
O ChatGPT-5 também deve “alucinar” menos e é significativamente mais veloz ao responder questões complexas.
Mas ficou longe de algo próximo de uma superinteligência.
A criação de expectativa foi alimentada por meses pela própria empresa. Às vésperas do anúncio, Sam Altman, CEO da empresa dona do ChatGPT, postou uma imagem sugestiva nas redes sociais: a Estrela da Morte, de Star Wars, próxima da Terra. Se você não conhece detalhes da saga, basta saber que trata-se de uma estação espacial capaz de destruir planetas inteiros.
É claro que todo mundo achou que era um recado.
O burburinho só aumentou.
Mas aí chegou o dia seguinte. E nenhum planeta que habita a constelação da IA explodiu. O GPT-5 tornou-se o padrão para todos os usuários dos planos pagos e gratuitos. Usuários, principalmente os mais frequentes, começaram a reclamar. A pressão fez a OpenAI recuar e anunciar que temporariamente iria disponibilizar um modelo anterior, o GPT-4o, para assinantes pagos.
1. A revolta de usuários contra o GPT-5
Ao lançar o novo modelo, Altman descreveu o GPT-5 como um sistema “equivalente a um especialista de nível PhD em qualquer área”. Os usuários teriam especialistas no bolso com os quais poderiam se consultar. Também disse, claro, que esse era o melhor modelo de IA atualmente no mercado.
Uma das mudanças significativas foi que a escolha manual entre os diferentes modelos do ChatGPT foi eliminada.
No lugar, entrou um sistema automático que decide, a cada interação, qual versão é a mais adequada (como GPT-4o ou o3).
A intenção era equilibrar custo e desempenho, reservando o modelo mais avançado para tarefas complexas.
Na prática, esse “roteador” começou a selecionar versões mais simples para solicitações que exigiam mais raciocínio, o que fez com que usuários percebessem uma queda na qualidade das respostas, explica Cleber Zanchettin, professor associado do CIn-UFPE.
Rapidamente, uma onda de reclamações tomou as redes sociais e os fóruns de discussão sobre IA. Quem usava versões antigas para tarefas específicas pediu a volta dos modelos e alegou quebra no fluxo de trabalho e pior desempenho do GPT-5. Para usuários avançados, a possibilidade de escolher o melhor sistema para cada tarefa era um ganho.
Também houve queixas sobre perda de personalidade e respostas que pareciam impessoais. Houve até quem lamentasse “perder o melhor amigo”. Ao participar de uma sessão de perguntas e respostas em um fórum online, Sam Altman foi bombardeado por reclamações e anunciou que iria permitir o acesso ao 4o para usuários da versão paga. Nas redes, também publicou um longo texto endereçando as reclamações e como lidaria com elas.
2. O que a nova versão traz de avanços
Para Zanchettin, a mística criada pela própria OpenAI em torno da nova versão aumentou o risco de frustração. Ele acrescenta que um salto revolucionário como chegou-se a insinuar, dificilmente deve acontecer no curto prazo.Também ressalta que o fim das opções de modelo foi “abrupta”, o que deve trazer lições para a empresa daqui para frente:
— O anúncio acabou bem mais conturbado do que se esperava. E se há milhões de usuários reclamando, alguma coisa errada tem.
Mas acho que a OpenAI foi sensível o suficiente para enxergar isso.
No fim, eles conseguiram transformar os usuários irritados em testadores, para então pensar em correções — avalia o pesquisador.
Apesar de não ser uma “Estrela da Morte”, vale destacar que o GPT-5 trouxe avanços bem-vindos. Um dos mais relevantes pode ser a capacidade de reduzir “alucinações”, como são chamadas as respostas da IA que são convincentes, mas completamente equivocadas. Conectado à web, o GPT-5 erra 45% menos que o GPT-4o e, em tarefas complexas, 80% menos que o modelo o3.
Houve ajustes também de segurança, o que deve fazer com que o GPT-5 lide melhor com temas sensíveis.
Na escrita, a OpenAI também alega que a ferramenta irá produzir textos mais expressivos, com ritmo e profundidade.
Outra novidade é a criação de quatro “personalidades” que podem adaptar o tom da IA.
Desenvolvedores também elogiaram a capacidade de escrita de código e do GPT-5 em programação. Nas demonstrações da OpenAI, o modelo foi capaz de criar sites web completos e até jogos simples a partir de um único prompt. Zanchettin explica que as respostas ficaram mais controladas, e houve melhoras na estruturação do raciocínio. Há ganhos também na velocidade, com tempo de espera menor para respostas complexas.
A OpenAI alega ainda que o modelo é o melhor até agora para perguntas sobre saúde, tema que foi um dos focos do lançamento.
Essa talvez seja uma das aplicabilidades que mais vai chamar atenção porque atinge o usuário final, avalia o pesquisador da UFPE.
3. Como você pode testar
Explore as personalidades:
Experimente alternar o estilo de resposta da IA. Peça que o GPT-5 responda a mesma pergunta em diferentes estilos: “Robô” (objetivo e factual), “Ouvinte” (acolhedor), “Cínico” (crítico) e “Nerd” (entusiasmado). A troca é feita em “Configurações” → “Personalizar ChatGPT”.
Desafiar o raciocínio do modelo:
Faça comparativos. Tente perguntas factuais ou lógicas que antes faziam o GPT-4 tropeçar.
Por exemplo: “Explique a teoria da relatividade de Einstein de forma simples” ou “Quantos segundos cabem em 7 anos? Justifique o cálculo”.
Veja se as respostas são mais claras e corretas.
Avaliar a criatividade e estilo na escrita:
Por fim, uma possibilidade é explorar a “veia criativa” do GPT-5.
Peça algo como “Escreva um breve conto de ficção científica num tom filosófico”.
Compare a qualidade do texto com o que você obtinha em versões anteriores.
Ao gerar textos longos, também vale reparar se o GPT-5 mantém o estilo e evita contradições no enredo.
Este conteúdo faz parte da newsletter IAí?, que existe para te guiar no universo da inteligência artificial.
Por Juliana Causin na newsletter IAí?
Siga o ‘ 7Minutos’ nas redes sociais
X (ex-Twitter)
Instagram
Facebook
Telegram
Truth Social
