Agora complicou de vez.
PT assina documento do Foro de São Paulo que reconhece vitória de Maduro na Venezuela
Além de negar fraude no pleito venezuelano, nota critica governos de direita da América Latina, ações de Israel em Gaza e no Líbano e a presença militar dos EUA no continente; procurada, legenda não respondeu
O Partido dos Trabalhadores (PT) assinou um documento do Foro de São Paulo que reconhece a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, realizadas em julho deste ano.
A informação foi divulgada pela CNN Brasil. Procurado pelo Estadão para comentar, o partido não respondeu.
Realizado em meio a diversas acusações de fraude, o pleito terminou com o ditador declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral do país, controlado por ele:
Maduro teria tido 51% dos votos, enquanto seu adversário,
Edmundo González, teria feito 44%.
Documentos recolhidos pela oposição e apresentados pela ONG Centro Carter atestaram a vitória de González, mas o regime se recusa até hoje a apresentar as suas atas de apuração.
A resolução do Foro foi resultado de uma reunião do grupo no México em 29 de setembro, dois dias antes da cerimônia de posse da nova presidente do país, Cláudia Sheinbaum, à qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente.
Ao longo de sete páginas, o grupo critica governos de direita da América Latina, como o de Luis Lacalle Pou no Uruguai, o de Javier Milei na Argentina e o de Daniel Noboa no Equador.
Além disso, condena o que chama de “limpeza étnica” de Israel na Palestina e seus ataques ao Líbano, uma “crescente presença militar” dos Estados Unidos na região e o avanço da extrema direita na Europa.
A resolução do Foro afirma ainda que forças políticas pela democracia continuam urgentes em nossos países,
com a ameaça crescente do extremismo de direita, do neofascismo e do imperialismo, e que é
fundamental a unidade das forças democráticas, progressistas e revolucionárias, assim como levantar a bandeira da paz,
da integração soberana e da justiça social em nossa região.
Sobre o Brasil, o documento acusa a direita, apesar de sua derrota na eleição presidencial de 2022, de dificultar os avanços do governo petista — que, segundo o Foro, tem conseguido tirar o país do mapa da fome, promovendo crescimento econômico e distribuição de renda.
À CNN, a secretária de relações internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e representante da legenda no Foro de São Paulo, Ana Prestes, afirmou que a posição do governo brasileiro sobre a Venezuela é
“confusa e precisa ser mais clara”.
“Não existem provas de que Maduro perdeu a eleição”, alegou.
Alas do PT, no entanto, criticam a inclusão da assinatura da legenda no documento.
Tambem à CNN, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que a postura do partido está
desconectada do que pensam Lula e a maioria dos simpatizantes
e que a posição de Maduro gera um constrangimento para a América Latina.
Por Wesley Bião