Centro Cultural UFG, em Goiânia
Aquela Cia. de Teatro abre turnê nacional em Goiânia – Espetáculo Caranguejo Overdrive
O movimento Manguebeat e a denúncia social inspiram Aquela Cia. de Teatro na montagem de Caranguejo Overdrive, espetáculo programado para 30 e 31 de março, no Centro Cultural UFG, em Goiânia.
Com direção de Marco André Nunes e texto de Pedro Kosovski, a peça teatral leva ao palco a Cidade em movimento e o impacto
sobre seus habitantes, com execução ao vivo de música eletrônica e tambores de maracatu.
Aquela Cia. de Teatro abre a turnê na capital goiana e segue para Belém/PA, Teresina/PI e São Luis/MA. Caranguejo Overdrive chega à capital goiana por meio do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura que, através de seleção pública, contempla projetos de circulação de espetáculos teatrais não inéditos, em parceria do Ministério da Cultura.
No último edital, foram investidos R$ 15 milhões. Ao todo, foram escolhidos 57 trabalhos, representantes das cinco regiões do País, com
apresentações em todos os estados.
Homem-caranguejo
Ambientada no século 19, a peça apresenta-se atual. A trama narra a saga de Cosme, um ex-catador de caranguejos no mangue carioca, que é convocado a lutar ao lado do Exército Brasileiro, na Guerra do Paraguai. Depois de sofrer um colapso mental no meio do campo de batalha, ele é dispensado e, ao voltar para a sua terra natal, encontra um Rio de Janeiro caótico e em transformação.
A cidade, com suas convulsões urbanísticas, está irreconhecível para esse homem.
Cosme procura novamente o mangue, região que, em 1870, era conhecida como Rocio Pequeno – e hoje, Praça 11. Ele consegue um emprego na construção do canal que representou a primeira grande obra de saneamento na capital carioca.
Cosme já não sabe mais se é homem, caranguejo, soldado ou operário. Sua crise o obriga a abandonar tudo, a vagar pela noite, a mergulhar no delírio e a assumir, finalmente, a forma do crustáceo. O homem-caranguejo vive na lama.
Apesar do drama vivido pelo protagonista, Caranguejo Overdrive pode divertir o público maior de 16 anos, com bom humor e com a vibração da trilha sonora, que dialoga com a performance dos atores e atrizes: Alex Nader, Carol Virguez, Eduardo Speroni, Matheus Macena e Fellipe Marques.
A banda conduzida por Felipe Storino toca canções originalmente compostas para a peça, além de clássicos do movimento Manguebeat, que imortalizaram Chico Science e a Nação Zumbi. O power trio (guitarra, baixo e bateria) é constituído por Maurício Chiari, Pedro Leal e Felipe Storino.
Referência
Outra referência importante da encenação é o livro Homens e Caranguejos, do escritor e geógrafo recifense, Josué de Castro, precursor dos estudos sobre a fome no Brasil.
A dura poética dessa obra pode ser referenciada no seguinte trecho de seu prefácio A Descoberta da Fome (Lisboa, 1966):
“A lama dos mangues de Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejo. São seres anfíbios – habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo – este leite de lama -, se faziam irmãos de leite dos caranguejos. […] A impressão que eu tinha era a de que os habitantes dos mangues – homens e caranguejos nascidos à beira do rio – à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama”.
PATROCÍNIO REALIZAÇÃO
Histórico
Aquela Cia. foi fundada em 2005, a partir da reunião de artistas provenientes de várias escolas de teatro do Rio de Janeiro. Inicialmente, ancorada nas relações entre teatro e literatura, sua primeira montagem foi o Projeto K., sobre a vida e a obra de Franz Kafka.
Vieram em seguida Sub: Werther (interpretação do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, a partir dos intertextos do livro Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes), Lobo nº1 [A Estepe] (baseado no romance de Herman Hesse), Do Artista
Quando Jovem (em torno do universo literário de James Joyce).
Em 2011, a linha de trabalho do grupo passou a investigar a relação entre teatro, música e Espetacularidade, com Outside, um musical noir (inspirado pelo encarte do álbum homônimo de David Bowie), Cara de Cavalo (que narra a trajetória trágica do inimigo público nº 1 do Rio de Janeiro em 1964, e suas interlocuções com a obra do artista Hélio Oiticica) e Edypop (explorando o encontro imaginário entre o mais pop dos herói gregos, Édipo, e o mais trágico dos artistas pop, John Lennon).
Em 2015, Aquela Cia. celebrou seus 10 anos com as montagens de Caranguejo Overdrive e Laio & Crísipo, esta última uma atualização de um dos mitos fundamentais da cultura ocidental, narrado por Sófocles em Édipo Rei, que relata a relação homoafetiva entre Laio,
um exilado, e Crísipo, o filho do rei.
Sinopse: Caranguejo Overdrive
Inspirada no Manguebeat de Chico Science, Caranguejo Overdrive narra a saga de Cosme, um ex-catador de caranguejos no mangue carioca na segunda metade do Século 19.
Ele foi convocado a servir no exército brasileiro durante a Guerra do Paraguai e acabou enlouquecido no campo de batalha. Quando Cosme volta ao Rio de Janeiro, encontra uma cidade caótica em transformação. Ele não sabe se é um homem, um caranguejo, um soldado ou um operário.
Ficha Técnica
Patrocínio: Petrobras
Realização: Ministério da Cidadania e Governo Federal
Direção: Marco André Nunes
Texto: Pedro Kosovski
Elenco: Carol Virguez, Alex Nader, Eduardo Speroni, Matheus Macena, Fellipe
Marques
Músicos em cena: Maurício Chiari, Pedro Leal e Felipe Storino
Direção Musical: Felipe Storino
Iluminação: Renato Machado
PATROCÍNIO REALIZAÇÃO
Operação de luz: Tamara Torres
Produção: Thaís Venitt | Núcleo Corpo Rastreado
SERVIÇO
Caranguejo Overdrive – Aquela Cia. de Teatro
30 e 31 de março 2019
Sábado e domingo, 20h
Local: Centro Cultural UFG (Avenida Universitária, 1533, Setor Universitário, Goiânia/GO)
Classificação indicativa: 16 anos
R$ 10,00 inteira e R$ 5,00 meia
Acesso para pessoas com deficiências
Patrocínio: Petrobrás
Assessoria de Imprensa: Larissa Mundim (9 9968-1658