Ford vs Ferrari
È um filme de arrepiar quem ama carros e competições
Baseado na clássica batalha pela vitória de 66 em Le Mans, filme é obrigatório para quem quer conhecer o universo das competições automobilísticas

Nesta quinta-feira (14), estreiou nos cinemas do Brasil o filme Ford vs Ferrari, baseado em uma das memoráveis histórias da indústria automobilística.
Como o título diz, o filme fala da passagem em que as fábricas Ford e Ferrari se enfrentaram em uma disputa cheia de lances nas pistas e fora delas com ataques pessoais, ironias e orgulhos feridos.
O confronto não foi no mercado porque essas duas marcas sempre atuaram em segmentos diferentes.
A narrativa se passa precisamente em 1966, ano em que a Ford estabeleceu como meta encerrar o domínio da Ferrari na 24 Horas de Le Mans, a mais antiga e tradicional competição do automobilismo.
A Ferrari era a grande vendedora do momento mantendo uma sequência de seis vitórias consecutivas, 60, 61, 62, 63, 64 e 65, na prova de resistência de carros e pilotos que ocorre no circuito misto de autódromo com vias públicas na cidade de Le Mans, na França.
A história de Ford vs Ferrari é conhecida e, no filme, ela é contada de forma bastante fiel embora o roteiro não perca as oportunidades de envolver os expectadores com cenas romanceadas do bem contra o mal e heróis.
O filme é dirigido pelo americano James Mangold e tem como protagonistas principais os premiados Matt Damon, no papel do corredor e construtor americano Carroll Shelby, e Christian Bale, que vive o piloto inglês Ken Miles.
Quem sabe como tudo aconteceu vai gostar de ver a história encenada. Quem não sabe vai gostar de conhecer a trama da forma como é contada.
Mangold declarou que sua intenção não era fazer apenas um filme sobre corridas, mas queria também produzir uma fita que falasse sobre os personagens que povoam o universo das pistas.
“Mais do que carros incríveis e velocidade, acho que esse é um filme sobre a família, sobrevivência, e sobre como as pessoas precisam aprender a confiar em seus amigos com sua vida se quiserem transcender”, afirmou.
Não dá para saber qual parcela do público sairá do cinema com reflexões como as que pretende o diretor, mas, entre os que gostam de carros e de corridas, muitos sairão como se tivessem presenciado a prova de Le Mans de 1966, seja torcendo ou, no caso dos mais empolgados, se sentindo o próprio Ken Miles.
Logo no começo da fita, há uma cena que parece gravada com miniaturas de plástico – e podem até ter sido mesmo.
Em um primeiro momento, isso é meio frustrante para o expectador, mas como é uma cena em flashback, talvez o diretor quisesse causar esse efeito menos real. E, felizmente, ele não se repete mais.
Todas as demais ações são bem realistas e deixam claro que quem escreveu o roteiro (os roteiristas são Jez Butterworth, John-Henry Butterworth e Jason Keller) sabia do que estava falando.
As esticadas de marchas e as trocas rápidas com a câmera mostrando o movimento dos pés pressionando os pedais e da mão deslocando a alavanca do câmbio são muito realistas.
Mas o diretor poderia ter mostrado também as freadas, tão importantes quanto as acelerações para um traçado eficiente. Não se vê um punta-taco sequer.
Quando fala dos freios, o diretor prefere mostrar os discos incandescentes.
Faltou veracidade em momentos como o de uma tomada interna que mostrava o carro se aproximando de uma curva em alta velocidade, como se o piloto retardasse a frenagem.
E, já a cena seguinte, de um ponto de vista externo, o carro cumpria a trajetória de forma perfeita, sem qualquer desvio.
Há apenas um momento (que eu lembre) em que a câmera externa mostra o carro saindo de traseira e, quando corta para a câmera interna, o piloto está acabando de fazer uma correção com o volante.
Puro êxtase para os aficionados que a essa altura já podem estar segurando um volante ou pressionando um acelerador imaginário.
Essa é uma situação muito rápida que poderia ser repetida para deixar os entusiastas da plateia com (ainda mais) adrenalina nas veias.
‘Ford vs Ferrari’: crítica
Não é apenas um filme sobre automobilismo
Os vencedores do Oscar®, Matt Damon e Christian Bale estrelam “Ford Vs Ferrari”, a incrível história real do visionário designer automotivo americano Carroll Shelby (Damon) e do destemido piloto britânico Ken Miles (Bale).
Juntos, eles lutaram contra o domínio corporativo, as leis da física e seus próprios demônios pessoais para construir um carro de corrida revolucionário para a Ford Motor Company, assumir o controle das pistas e derrotar os carros dominantes de Enzo Ferrari, nas 24 Horas de Le Mans, na França em 1966.
Não recomendado para menores de 12 anos
Durante a década de 1960, a Ford resolve entrar no ramo das corridas automobilísticas de forma que a empresa ganhe o prestígio e o glamour da concorrente Ferrari, campeoníssima em várias corridas.
Para tanto, contrata o ex-piloto Carroll Shelby (Matt Damon) para chefiar a empreitada.
Por mais que tenha carta branca para montar sua equipe, incluindo o piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale), Shelby enfrenta problemas com a diretoria da Ford, especialmente pela mentalidade mais voltada para os negócios e a imagem da empresa do que propriamente em relação ao aspecto esportivo.
By Adoro Cinema
A preocupação em ser mais uma ferramenta de transformação na sociedade sempre acompanhou o cinema.
Mas em muitos casos, pela sutileza em vez da abordagem explícita, certos temas nem eram (e ainda não são) amplamente percebidos.
Questões inseridas de maneira harmônica na trama, em que diversão e debate se mesclam com equilíbrio, exigindo certa dose de atenção para ler as entrelinhas, são marcas dessas produções.
“Ford vs Ferrari” é ótimo exemplo da prática — os assuntos em pauta estão lá, colocados de maneira tão implícita que o filme parece uma produção da era de ouro de Hollywood.
O longa de James Mangold (de “Logan”, 2017) a princípio parece só mais uma produção sobre esportes — no caso, o automobilismo —, que mostra como o projetista de carros americano Carroll Shelby (Matt Damon) e o piloto Ken Miles (Christian Bale) lutaram contra a interferência corporativa, seus demônios pessoais e até as leis da física para construir um carro de corrida revolucionário para a Ford desafiar a Ferrari na disputa das 24 Horas de Le Mans em 1966.
Toda a trama está muito bem alinhavada, incluindo algumas liberdades ficcionais, com o ritmo da história fazendo um belo paralelo com um carro que passa suas marchas e atinge velocidade a cada nova curva até a vitoriosa linha de chegada.
Só que, por trás de toda a adrenalina, inserido de forma sutil, há um debate de como é vital para o sucesso abraçar as diferenças.
Mangold e seus roteiristas mudaram alguns traços das personalidades de Shelby e Miles para evidenciar as divergências, algo que hoje em dia ganha ainda mais força, em meio a um cenário de polarização radical que vem alimentando a intolerância.
No longa, fica a mensagem de como é importante escutar e compreender o outro.
Para isso, o diretor ainda estabelece uma analogia entre mente (Shelby) e coração (Miles), em que a razão precisa estar em equilíbrio com a emoção.
O pacote traz também como tópico a luta do indivíduo contra as corporações.
A QUESTÃO DOS FILMES
Atualmente, muitas vezes, os filmes que abraçam de maneira explícita assuntos importantes são mais valorizados.
Mas é bom lembrar dos textos antológicos do papa da crítica de cinema Andrew Sarris, que sempre evidenciaram a importância de se ter repertório para entender o que realmente está em discussão por trás de um longa.
Entre os exemplos, “Casablanca” não era só um romance, “Cidadão Kane” não era só uma biografia, “Um corpo que cai” não era só um suspense, da mesma forma que “Ford vs Ferrari” não é só um filme sobre automobilismo.
Link original da matéria:
https://oglobo.globo.com/rioshow/ford-vs-ferrari-critica-1-24079148
Veja abaixo um super vídeo
Vocês irão conhecer a HISTÓRIA REAL que inspirou o filme Ford vs Ferrari (Fox, 2019), com Matt Damon (Carroll Shelby), Christian Bale (Ken Miles) e Remo Girone (Enzo Ferrari). Duelo entre Ford GT40 e Ferrari 330 P3.
Um bate papo cheio de cultura automotiva entre os editores do FlatOut Juliano Barata e Leo Contesini.
E graças ao convite da Fox, o nosso especial de sete reportagens ultra detalhadas, antes exclusivo para assinantes, agora está 100% disponível a todos até o fim do ano, confira: https://www.flatout.com.br/ford-vs-fe…
‘Ford vs Ferrari’ está em cartaz no CINE PRIME no Anashopping






https://youtu.be/aZi9ucDHsvU