Ruby Marinho – Monstro Adolescente
Crítica: O mar tá pra peixe nessa divertida comédia teen
Ruby Marinho – Monstro Adolescente chega em 29 de junho.Visto no Festival de Animação de Annecy em junho.
Durante muito tempo as lendas mostravam que o oceano era repleto de criaturas mitológicas que nadavam por aí. A mais temida delas: os kraken! As mais amadas: as sereias! Mas e se tudo que soubéssemos sobre esses seres marinhos estivesse errado?
É basicamente essa a premissa da animação Ruby Marinho – Monstro Adolescente (Ruby Gilman, Teenage Kraken, 2023) que mergulha de cabeça nesse mundo mitológico e navega pelas lendas do mar pelos olhos da protagonista, uma jovem adolescente que parece um peixe fora d’água em terra seca, e que descobre ser parte da realeza do mar. E claro, que ela também é uma kraken!
A nova aposta da Dreamworks é divertida, dá um mergulho em apresentar uma boa mitologia, e realmente entrega um espirituoso coming of age. A trama é simples, nada muito rebuscada, mas que até entrega algumas reviravoltas aqui e ali. O texto de Pam Brady, Elliott DiGuiseppi e Kirk DeMicco (que também co-dirige o longa com Faryn Pearl) sabe bem contar essa história de uma forma que agrada e que empolga na medida que Ruby Marinho – Monstro Adolescente também se destaca com visuais de animação de chamar a atenção.
E os personagens também ajudam a deixar essa animação ser mais do que parece ser, seja a figura da própria Ruby (voz de Lana Condor no original), de sua mãe, a agente imobiliária Agatha (voz de Toni Collette no original), do irmão Sam (voz de Blue Chapman no original), e do pai Arthur (voz de Colman Domingo no original) e realmente mostra que em 2023, quando falamos de animação o mar tá pra peixe mesmo. E Ruby Marinho – Monstro Adolescente chega no final de um mês importante para os longas animados e meio comprova que o gênero é bem mais do que só um gênero, ou coisa para criança e sim, mais uma plataforma cinematográfica para contarmos boas histórias.
E mesmo tímida, e desengonçada, Ruby entrega uma protagonista extremamente carismática de se acompanhar. E isso ajuda para nos conectarmos com a personagem na medida que acompanharmos a sua história, uma de uma jovem adolescente que descobre ser um monstro marinho depois que sua família, anos atrás, deixou o oceano e foi viver na superfície em uma cidade litorânea.
O mais divertido aqui, fica, em como vemos Ruby precisar lidar com todas as questões típicas de uma adolescente, e que vemos em diversas outras produções como se formar, lidar com os pais helicópteros (a mãe não deixa Ruby chegar perto da água), o primeiro crush, se encaixar no mundo e tudo mais.
E em cima disso, agora, de uma hora para outra, Ruby precisa também ter que lidar com fato que suas mãos ganharam ventosas e que brilham no escuro. Tudo o que uma jovem gostaria de se preocupar, certo?
O texto sabe conciliar esses pequenos momentos teen, da personagem na escola, com os pais e tudo mais, com uma aventura épica e grandiosa na medida que Ruby descobre que tem uma avó, e que ela é a Rainha, e protetora dos mares, Kraken (voz de Jane Fonda no original) e que está muito feliz que a neta finalmente chegue para assumir seu lugar no reino marinho.
Então, Ruby Marinho – Monstro Adolescente é como se fosse o filme de origem de super-heroína de Ruby, onde o texto nos entrega a personagem a lidar com seus poderes no meio do semestre, onde o baile de formatura é o evento mais aguardado da vida desses jovens, mesmo que Ruby e seus amigos tentam disfarçar que não seja.
E na medida que Ruby fica amiga da nova garota do colégio, a ruiva e extremamente simpática Chelsea (voz de Annie Murphy no original), um novo mundo se abre, na medida que descobrimos que a jovem é uma sereia, e Ruby e ela se conectam ainda mais por conta desse segredo que as duas tem.
E assim, Ruby começa a viver uma vida em dois mundos, um que ela se preocupa em se o seu crush Connor (voz de Jaboukie Young-White no original) vai a chamar para o baile, ou se ela vai o chamar para o baile, e o outro em que ela passa no fundo do oceano com Chelsea a nadar e nadar por aí.
E no meio disso tudo temos aula de como treinar seus poderes com a Vovô, fugir de um marinheiro rabugento que vive por caçar seres do mar (voz de Will Forte no original), e uma história sobre um tridente mágico e que foi o grande conflito entre sereias e krakens, e claro, lidar com todas as novidades, e mudanças, que vem com uma grande onda para a vida de Ruby.
Ruby Marinho – Monstro Adolescente então capricha em cenas no oceano muito bem feitas esteticamente e visualmente. Principalmente quando Ruby se torna uma kraken gigante e assume sua forma marinha na medida que precisa lidar com seus poderes. E claro, ao vermos que ela também precisa salvar o oceano quando as coisas com Chelsea não vão bem e as duas tem um combate épico no meio do baile de formatura. É Godzilla vs Kong, só que duas garotas seres marinhos.
No final, Ruby Marinho – Monstro Adolescente apresenta um novo mundo, um novo universo Dreamworks e faz isso de uma forma extremamente bonita de se assistir. A ajuda de personagens extremamente carismáticos, aliados com um elenco de vozes muito bem escalados, fazem da animação uma aposta divertida de se assistir e se entreter por algumas horinhas. É um Splash bem-vindo de uma kraken em nossas vidas.