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Crítica / EDUARDO KACIC: A Garota Artificial (The Artifice Girl)

O tema da Inteligência Artificial nunca esteve tanto em discussão como nos últimos meses.

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A popularização do ChatGPT e outras ferramentas tecnológicas cuja base de dados e atuação são fundamentadas em cima da I.A. tem sido pauta de discussões, estudos, e principalmente controvérsias.

Os dilemas éticos em torno das aplicações da vertente ganham um vigoroso exercício neste inteligente thriller sci-fi do diretor e roteirista Franklin Ritch, que se apoia em diálogos suculentos para explorar a utilização das tecnologias digitais cada vez mais sofisticadas, para atrair e potencialmente apanhar predadores infantis que atuam no mundo online.

O tema central é intrigante o suficiente para superar uma abordagem levemente teatral, que aos poucos vai dando espaço para uma narrativa mais arrojada e sempre provocativa.

A Garota Artificial (The Artifice Girl, EUA, 2023, 94 min.) tem início com a temerosa agente especial Deena Helms (Sinda Nichols),

enquanto a própria propõe a Siri (a assistente virtual da Apple, para quem ainda não conhece) a impossível questão: 

Como você sabe que está fazendo a coisa certa?

Trata-se de um dilema que ecoa através de décadas enquanto ela confronta as oportunidades e obstáculos que a tecnologia de ponta traz ao seu trabalho.

O restante do filme é dividido em três seções, começando com um interrogatório em que Helms e seu colega Amos McCullough (David Girard) confrontam o misterioso ‘tech geek” Gareth (o diretor Franklin Ritch).

A única fonte de luz em uma sala sem janelas cria a sensação sombria de um filme noir ou de um procedimento policial.

De fato, boa parte de A Garota Artificial é centrado apenas nos três personagens dentro da sala confrontando um ao outro sobre o que eles sabem, temem, suspeitam e possam estar dispostos a compartilhar.

Tal estrutura faz do filme uma intensa experiência cinematográfica, com tensão suficiente na dinâmica entre o trio de personagens para sustentar com sucesso o interesse do público. Ritch possui uma queda para o verborrágico, avançando e sustentando a história através da conversação, de monólogos e discussões.

O cauteloso, defensivo Gareth é inicialmente apresentado como um lobo solitário.

Um técnico em efeitos-especiais para a indústria do cinema, ele é habilidoso em criações em 3D de atores que não estão “disponíveis”.

O interrogatório agressivo de Helms pinta Gareth como um homem sem amigos, que assombra a internet sob falsas identidades.

Seu disco rígido inclui imagens de uma jovem chamada Cherry (Tatum Matthews).

Cada troca de diálogo parece fortalecer a conclusão de que ele é um pedófilo; porém, a realidade do que ele tem feito é uma reviravolta na narrativa que o coloca como um aliado natural na luta para tornar o mundo mais seguro para as crianças.

Seu trabalho apresenta uma

solução tecnológica para um problema tecnológico.

A história então continua em uma segunda seção, ambientada quinze anos depois, com o trio mais uma vez isolado em uma sala encarando algumas das verdades sobre a moralidade daquilo que fizeram e suas preocupações com o que virá a seguir.

Uma seção de encerramento traz uma bem-vinda mudança em direção a um cenário cada vez mais opressivo, onde o veterano Lance Henriksen (O Alvo, Aliens: O Resgate) interpreta um Gareth idoso, preso a uma cadeira de rodas, enquanto ele faz uma visita a Cherry, à procura de algum tipo de absolvição.

O medo do futuro e a ascensão das máquinas já inspirou uma enorme gama de influentes exemplares (a maioria blockbusters) da ficção-científica no cinema;

A Garota Artificial é um modesto e cerebral acréscimo ao gênero.

Ritch não alcança parâmetros gigantescos com seu roteiro e os atores nem sempre vendem as demandas mais dramáticas imputadas a eles.

O próprio Ritch, porém, está bastante crível como o correto e emocionalmente destruído Gareth, e Lance Henriksen traz sua costumeira autoridade ao Gareth idoso (a incrível semelhança física entre os dois atores é um plus).

Matthews se sai bem na difícil tarefa de tornar Cherry uma jovem brilhante e cativante, mas ao mesmo tempo tão incômodamente lógica e razoável quanto o Sr. Spock de Star Trek.

A habilidade de Ritch está na maneira com que ele utiliza os bastidores e o plot esperto de seu conto para levantar algumas urgentes questões.

O que é certo ou errado na maneira com que a Inteligência Artificial pode ser usada?

Ela poderia desenvolver emoções?

Ela teria um dia a capacidade de dar ou reter consentimento?

O que acontece quando ela sobreviver a todos os humanos que a criaram, ou mesmo a própria raça humana?

Fraquezas, culpa e desejos escondidos mantém a história envolvente, enquanto outros dilemas exploram a aplicação da ciência e o preço das boas intenções.

PorEDUARDO KACIC

Link original da matéria:
https://osfilmesdokacic.com/2023/04/16/critica-a-garota-artificial-the-artifice-girl-2023/

A GAROTA ARTIFICIAL (THE ARTIFICE GIRL) | 2023 – Cartaz

 

 

  • Fonte da informação:
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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