Conteúdo Edson Nunes
Lady Gaga no Rio: um delírio cinematográfico ao vivo
Na noite em que Lady Gaga transformou Copacabana em um Réveillon-carnaval simultâneo, o Rio presenciou algo além de um show: viu um longa-metragem ao vivo, pulsando em som, imagem e corpo.

A artista não apenas cantou — ela encenou, dançou, gritou, renasceu. E levou o público junto.
Gaga subiu ao palco para contar sua história de caos pessoal, e fez isso à altura de uma tragédia grega — com direito a coro afinadíssimo, teatro simbólico, referências mitológicas e uma estética que alternava entre Cleópatra e o delírio dionisíaco.
Ela dançou com seus próprios esqueletos, zombou da morte, tirou sarro dos fantasmas que a assombram.
Brincou com o luto, manipulando a dor com precisão cirúrgica — e, no auge, a cena fez total referência a um Baco moderno, celebrando a vida no seu estado mais cru e potente.
O show começou denso, teatral, mas foi se tornando mais exuberante, mais alegre.
A cada bloco, mais camadas se revelavam: ora em forma de figurinos alucinantes (como o momento cogumelo, uma clara menção ao uso de drogas), ora em homenagens a ícones como Michael Jackson, com um “Thriller” repaginado.
O corpo de baile era estonteante, os músicos apareciam em flashes — destaque para o baterista sem camisa que deu o tom bruto e visceral da apresentação.
A fotografia do espetáculo era um show à parte. Câmeras, takes e sequências impecáveis criaram uma narrativa visual cinematográfica.
Copacabana virou cenário de um clímax emocional, chegando a suspender o tempo, o som e até o fôlego — em silêncio raro, reverente, quase sagrado.
E então ela ressurge.
Radiante.
Vestida com as cores do Brasil, literalmente.
Gaga trouxe o País para o palco, usando camisetas brasileiras como bandeiras vivas da nossa identidade.
Brindou a brasilidade sem precisar apelar para clichês ou vulgaridade.
Nada de “bunda de fora” ou coreografias fáceis.
Ela foi na dela — potente, louca, afiada.
No auge do transe coletivo, ela assumiu bateria, teclado, e quase fez amor com os instrumentos.
Chamou o público para cantar e foi atendida por cerca de dois milhões de vozes — a praia tremulava em luzes de celular, criando uma cenografia espontânea, linda, viva.
Gaga mostrou resistência física de atleta olímpica e preparo mental de quem sobreviveu a guerras internas e voltou dançando e dando o melhor de si, na voz, embora o seu talento maior mora na performance cênica: é atriz e já também ganhou um Oscar com pela canção “Shallow”, do filme “Nasce Uma Estrela.
Foi um show inesquecível — talvez mais para ela do que para nós, espectadores. Era como se celebrasse sua própria vitória, sua própria travessia.
No final, surgiu vestida de anjo, mas claro, um anjo esquisito, como só ela poderia ser.
No Rio, a Cidade Maravilhosa, Lady Gaga não se apresentou.
Ela se reinventou.
E entregou absolutamente tudo.
Ah, e deve ter gente que não engole os dois milhões de pessoas no espetáculo que vai ficar pra história do Brasil e do mundo.
Gaga deu um exemplo imenso de como é possível o ser humano se reinventar.
Pra melhor, é claro.
Por: Edson Nunes
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