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CONSCIÊNCIA NEGRA

Conheça onde realizar o afroturismo em Brasília e no Entorno

A turismóloga Aline Karina idealizou projetos em torno do afroturismo, segmento que valoriza os patrimônios culturais e ambientais partindo de uma perspectiva negra

Onde estão as pessoas que construíram Brasília?
Onde estão os pioneiros negros?
Onde estão os lugares que marcam essas presenças no Distrito Federal?

Foi a partir dessas três perguntas que Aline Karina, 34 anos, idealizou projetos em torno do afroturismo, segmento que visa valorizar os patrimônios culturais e ambientais de uma perspectiva negra, considerando que se trata de um povo construtor e que também preserva suas raízes.

Para a turismóloga, formada pela Universidade de Brasília (UnB), e mestre em preservação do patrimônio cultural, o turismo pode ser uma ferramenta de transformação social. Nesse sentido, dar protagonismo ao afroturismo significa potencializar a riqueza do país e valorizar nosso povo, além de gerar emprego, renda e movimentar a economia.

Morando em São Sebastião, Aline conseguiu impactar a vida dos moradores locais, levando mais de 400 pessoas a conhecerem as riquezas da região pelo programa de base comunitária Sebas Turística, que promove o turismo cidadão, resgatando o protagonismo e as identidades históricas daquele espaço.

Potencializando a composição cultural, social, ambiental e turística do DF, o projeto contribui para uma descentralização do lazer e da cultura para além dos limites do Plano Piloto, avalia a pesquisadora.

Potência cultural
Do Sebas Turística, nasceu, em 2022, o Turismo Fora do Avião, agência focada em turismo negro, periférico e criativo no DF e no Entorno, com meta de ampliação para o Centro Oeste e para o Brasil. Entre os parceiros da iniciativa, estão a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), a UnB e o Sebrae.

Recentemente, o empreendimento lançou o 1° Guia do Afroturismo de Brasília e do Entorno, no qual há sugestões de passeios, rotas, monumentos e centros de convivência e comidas típicas, que visam difundir a cultura afro-brasileira. Mais de 200 atrativos foram mapeados.

Não tem como a gente falar do Brasil se não incluirmos verdadeiramente quem faz parte dos grupos formadores da nossa sociedade,

defende a especialista em preservação do patrimônio cultural.

 

Aline, que também é supervisora de afroturismo, diversidade e povos indígenas da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), acrescenta que o guia é uma forma de dar visibilidade a certos grupos sociais.

Essa metodologia está sendo replicada, inclusive, pelo Ministério da Igualdade Racial e pelo Ministério do Turismo, com o objetivo de driblar as questões de desigualdade social e promover o que temos de mais importante, nossas pessoas e nossa cultura, defendeu.

Reconhecimento
Neste mês, Aline foi vencedora do Prêmio Fac Cultura Mulher, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec). A premiação reconhece e celebra mulheres notáveis do DF que têm feito contribuições significativas no cenário cultural, na promoção da igualdade de gênero e no combate à violência contra a mulher.

Aline Karina explica que o afroturismo se relaciona com questões relativas ao gênero no que tange a geração de empregos e de renda,

contribuindo para as mulheres serem inseridas no mercado de trabalho.

Eu trabalho com mulheres, principalmente periféricas, para conseguir trazer essa transformação social,

porque a gente compreende que, quando elas têm a sua renda, elas também possuem direito de escolha, afastando-se de certos tipos de violência, comentou.

Pesquisas

O estudo acadêmico “Turismo afrocentrado e educação antirracista:

relatos a partir da hashtag #afroturismo no Instagram,

produzido por Priscilla Teixeira da Silva e publicado na revista Boletim de Conjuntura, traz relatos de experiência e registros de atividades turísticas afrocentradas.

A pesquisa destaca a potência do afroturismo enquanto ação educativa antirracista junto a grupos escolares,

de turistas, colaboradores de empresas e magistrados, compondo caminhos possíveis no combate ao racismo no Brasil.

 

O aumento de pesquisas acerca do afroturismo, em 2023,

parece ser fruto tanto da mobilização social de grupos historicamente invisibilizados,

como de interesses mercadológicos marcados pela diversificação de prestadores de serviços e ofertantes de produtos turísticos vinculados ao povo negro,

argumenta o professor Izac Bonfim, editor chefe do periódico científico Ateliê do Turismo, vinculado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Ele analisa também a atuação de comunidades tradicionais que, por meio do afroturismo, buscam o reconhecimento e a valorização da herança negra.

Ao mesmo tempo, são comuns relatos de hostilidade, de racismo e de outras formas de violência nas viagens turísticas por parte de outros viajantes,

de moradores dos destinos turísticos ou, mesmo, de prestadores de serviços turísticos,

conta o docente, em chamada à publicação de artigos científicos, no site da Escola de Administração e Negócios da UFMS.

 

Guia do Afroturismo em Brasília e no Entorno

» Praça Zumbi dos Palmares, no Conic

» Monumentos Os Candangos, referência ao casal
de guerreiros quilombolas angolanos,
na Praça dos Três Poderes

» Capela São Francisco de Assis, no Gama

» Galeria Olho de Águia, em Taguatinga

» Museu Histórico e Artístico de Planaltina

» Espaço Maria Morena, em Planaltina

» Terreiro Caboclo Boiadeiro da Maré, no Paranoá

» Espaço Cultural Filhos do Quilombo, em Ceilândia

» Crioula Café, no Guará

» Praça do Reggae, em São Sebastião

» Instituto Metamorfose, em São Sebastião

Fonte: Turismo Fora do Avião

Por: Letícia Mouhamad 

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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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