"não é possível se concluir"
Governo diz à Justiça que alta no desmatamento não tem relação
Com atos de Ricardo Salles. AGU rebateu pedido de afastamento do ministro do Meio Ambiente feito pelo MPF.
Advocacia diz que fala sobre ‘ir passando a boiada’ não trata de ato ilegal e nega ação direcionada no Conama.
A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou, em documento à Justiça Federal, que “não é possível se concluir” que o aumento nos números do desmatamento no país tenha relação com atos do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
De acordo com o posicionamento da AGU, não há como configurar improbidade administrativa de Salles diante de uma “desestruturação dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente”.
“Não é possível se concluir que os resultados do desmatamento no Brasil são em decorrência de atos do atual ministro do Meio Ambiente”,
diz a manifestação assinada pelo advogado-geral da União, José Levi.
O ministro é alvo de uma ação movida pelo Ministério Público Federal na Justiça Federal em Brasília, que pede o imediato afastamento de Salles do cargo (veja detalhes abaixo). O tema ainda não foi julgado.
A manifestação da AGU nega a tese de desmonte no setor ambiental, e diz que o aumento do desmatamento ilegal é verificado desde 2012 – sete anos antes de Salles assumir o cargo, em 2019.
Segundo o parecer, a fala de Salles durante reunião ministerial no dia 22 de abril sobre “ir passando a boiada” – ou seja, aproveitar o período da pandemia do coronavírus para mudar atos e normas relacionados ao meio ambiente – era um alerta sobre a necessidade de atualizar o marco regulatório do setor.
“As falas mencionadas na reunião ministerial, que servem em grande medida para a tese autoral, em nada se relacionam com intuito de cometer atos em vilipêndio às normas constitucionais, mas sim imprimir maior coerência regulatória no Estado brasileiro, simplificando textos normativos e aumento a previsibilidade dos diversos setores da coletividade”, diz a AGU.
Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília
Ministro Ricardo Salles, do Ministério do Meio Ambiente Cristiano Mariz/VEJA[/caption]



