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Economia na Era TRUMP

Entenda qual pode ser o impacto para o Brasil se Donald Trump detonar uma nova guerra comercial

Estudo do banco Itaú aponta que, dessa vez, os impactos positivos para o comércio brasileiro podem ser mais limitados e destaca que as consequências negativas devem ser maiores numa eventual nova rodada de conflito comercial

Ao contrário do que ocorreu na última guerra comercial promovida por Donald Trump, quando o Brasil ganhou espaço no comércio global, a economia brasileira deve lidar, agora, com um cenário mais difícil se o republicano colocar de pé a promessa de impor tarifas para diversos países e detonar uma grande guerra comercial.

Um estudo realizado pelo banco Itaú aponta que, dessa vez, os impactos positivos para o comércio brasileiro podem ser mais limitados.

Por outro lado, as consequências negativas devem ser maiores numa eventual nova rodada de conflito comercial.

Na primeira guerra comercial do Trump, em termos relativos, o Brasil acabou sendo beneficiado.

Em primeiro lugar, a gente não pagou tarifas.

O setor do aço chegou a ser cogitado, mas (os EUA) desistiram.

O fato é que o País performou muito bem, dado que outros países estavam pagando tarifas,

afirma Igor Barreto Rose, economista do Itaú e responsável pelo estudo.

O trabalho ainda teve a autoria de Julia Marasca, também economista do Itaú.

E, na outra ponta, a China retaliou as tarifas americanas e passou a comprar menos produtos do agro.

O Brasil se beneficiou vendendo mais produtos para os chineses. Nos beneficiamos nas duas pontas, acrescenta Igor.

De fato, o Brasil ganhou território na primeira administração Trump.

Entre 2018 e 2020, a soma das importações e exportações brasileiras saltaram do patamar de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e se aproximaram de 30% do PIB, segundo o Itaú.

Nesse período, o comércio global recuou.

No cenário atual, há chances de uma tarifa em cima do Brasil, afirma Igor.

O País está um pouco mais no radar do que no passado.

Trump, por exemplo, tem ameaçado taxar os países que integram o Brics.

Hoje, um cenário positivo é mais limitado, porque também há pouco espaço para o Brasil conseguir ampliar as suas exportações.

O País se transformou no principal fornecedor de soja para China.

É responsável por cerca de 70% da soja comprada pelos chineses.

Até poderia ter um espaço para vender um pouco mais, mas não na magnitude como houve em 2018 e 2019, diz o economista do Itaú.

Em relação a outros produtos relevantes da pauta brasileira, não há grandes perspectivas de ganhos com uma guerra comercial.

No caso do milho, a China deve colher uma boa safra num cenário de estoque elevado.

A necessidade de importação é muito baixa.

Em relação ao petróleo, a China tem como principais fornecedores os países do Oriente Médio, a África e a Rússia, e os EUA estão reduzindo a importação.

Para o minério de ferro, como os americanos não exportam o produto para os chineses, não há possibilidade de retaliação.

Entre os riscos apontados pelos economistas do banco, está o fato de Trump utilizar as tarifas como um instrumento de negociação.

No caso da China, existe uma possibilidade de que o governo chinês feche um acordo com os EUA para comprar mais produtos americanos. Em 2020, eles chegaram a assinar um acordo comercial.

Os dois países podem ir para esse caminho de novo.
Se esse for o caso, é um risco negativo para o Brasil, porque a China passaria a comprar mais soja dos EUA e, portanto, menos do Brasil, afirma Igor.

Outro ponto de atenção para o Brasil é se Trump avançar com a promessa feita durante a campanha presidencial do ano passado de estabelecer uma tarifa universal de 10% em todos os produtos importados. Nesse caso, destaca o Itaú, os setores que terão maior aumento são o de combustíveis e alimentos.

Em 2024, os Estados Unidos foram o segundo principal destino das exportações brasileiras.

O País vendeu US$ 40,330 bilhões para os EUA, equivalente a 12% do total negociado.

A China ocupou a liderança.

As vendas para o gigante asiático somaram US$ 94,4 bilhões (28% do total).

Escalada de tensão
No fim de semana, o presidente dos Estados Unidos escalou as tensões do comércio internacional.

No sábado, 1º, Trump assinou ordens executivas para impor aos produtos importados do México e do Canadá uma tarifa de 25% — o petróleo canadense terá uma menor, de 10%. No caso da China, os produtos terão uma tarifa de 10%.

Na segunda-feira, 3, após um acordo negociado entre o republicano e a presidente Claudia Sheinbaum, as tarifas para o México foram suspensas por 30 dias.

Em troca, o México reforçará a fronteira com 10 mil homens da Guarda Nacional para combater o tráfico de drogas, especialmente de fentanil.

Também houve um acordo com o Canadá.

No início da noite de segunda-feira, 3, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, declarou que as tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos também serão adiadas por pelo menos 30 dias após o canadense prometer mais cooperação na fronteira.

Nesta terça-feira, 4, a China informou que irá adotar tarifas de repressão contra os EUA em algumas importações do país.

O governo pretende implementar tarifa de 15% sobre produtos de carvão e gás natural liquefeito e de 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas e carros de grande cilindrada. Trump e Xi Jinping devem ter uma conversa ainda nesta terça-feira, 4.

Se essas tarifas forem adotadas, de fato, você tem uma queda do comércio internacional, como foi o caso no passado. Isso tende a levar a um crescimento menor do PIB, afirma Igor.

E pensando na economia americana, o impacto seria uma inflação mais alta.

As tarifas encarecem os produtos importados.

Até pode ter um efeito substituição, mas o efeito imediato é preço para cima.

 

Por Luiz Guilherme Gerbelli

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[caption id="attachment_179391" align="alignnone" width="1024"] Fonte: Secretaria de Comércio Exterior / Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços[/caption]
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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