No livro, ele discorria sobre algumas práticas que parecem estar no imaginário das pessoas, mas contrariando totalmente as regras básicas da economia e da vida em sociedade.

Em bom português, a expressão “Não existe almoço grátis” significa que tudo tem um preço e que quando nos deparamos com algo “grátis” temos de ter certeza de que alguém ou nós mesmos estamos pagando a conta.

A expressão tornou-se popular a partir da ideia de alguns bares/restaurante do Velho Oeste norte-americano que, para atrair a freguesia, ofereciam alguns alimentos gratuitamente caso o cliente comprasse uma ou mais bebidas.

Mas eram “petiscos” salgados, para provocar mais sede e assim levar o freguês a comprar mais bebida, normalmente por um preço mais elevado.

Trazendo isso para a nossa realidade política, é incrível que na cabeça de muitos políticos e candidatos a cargos eletivos possa ainda existir “almoço grátis”.

Somos bombardeados a todo instante por anúncio de promessas de campanha sem noção mínima de como funciona a máquina administrativa em todos os seus níveis e de como qualquer ação precisa seguir os fundamentos previstos para a administração pública, tal sejam a legalidade, a moralidade administrativa, a publicidade dos atos (para permitir o controle social), a eficiência e a impessoalidade.

Nessas eleições municipais, vemos nas campanhas que a grande maioria dos candidatos parece crer fielmente que existe “almoço grátis” tal a quantidade de “vou construir”, “vou fazer”, “vou contratar”, “vou mudar tudo”, “juntos faremos” etc.

Esquecem a realidade brasileira que diz que a grande maioria dos municípios sobrevive com recursos carimbados cedidos pelos fundos de participação dos estados e da União.

Esquecem, ou não sabem, as regras de licitações e de contratos públicos, mormente os de concessão de serviços, onde cláusulas garantem que rompimentos de contratos, sem o devido fundamento registrado ao longo da sua execução, levam a pagamentos astronômicos de multas e garantias contratuais, além de processos judiciais infindáveis.

Muitos candidatos a prefeitos e a vereadores parecem não possuir noção do que são as leis básicas que garantem que a máquina pública não exploda, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, a legislação tributária, a legislação trabalhista e a legislação de licitações e contratos públicos.

Outros candidatos esquecem as esferas e as limitações da estrutura democrática e prometem coisas que não podem ou não possuem competência para isso, como modificação de leis federais e estaduais; a necessidade de aprovação das leis e regulamentos pelas assembleias legislativas, a atuação de empresas estatais, etc.

Por fim, prometem o paraíso sem custo para o eleitor, que acha que poderá ter um município melhor, com expansão de gastos públicos (bolsa isso, bolsa aquilo, obras, etc.) mas com redução da voracidade do município em abocanhar seu bolso para pagar os tais “almoços grátis”.

“Portanto, desconfie e lembre-se que, se alguém oferece “almoço grátis”, na verdade quem estará pagando a conta, muito, muito salgada, é você.”

By Carlos Marcelo Cardoso Fernandes

Coronel Intendente da Reserva da Força Aérea, é Administrador de Empresas com atuação por mais de 22 anos na Administração Pública Federal.  É Auditor Interno, Historiador e um cidadão brasileiro e colunista do Portal 7 Minutos.

[caption id="attachment_88919" align="alignnone" width="1024"] Não existe almoço gratis[/caption]

[caption id="attachment_88920" align="alignnone" width="1024"] Em 1975 o economista Milton Friedman publicou o livro “Não há essa coisa de almoço grátis” numa livre tradução.[/caption] [caption id="attachment_88471" align="alignnone" width="1024"] Carlos Marcelo Cardoso Fernandes.  Coronel Intendente da Reserva da Aeronáutica; Administrador de Empresas; Especialista em Orçamento, Planejamento e Gestão Pública; Especialista em Logística Empresarial.   Colaborador do 7Minutos[/caption]