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Análise Opinião Templário de maria

Filme ‘Rogai por nós’: uma armadilha anticatólica

Para além dos cartazes representando a Mãe de Deus em várias formas malignas, o filme “Rogai por nós”, que estreiou no Brasil neste dia 20 de maio, também está repleto de estereótipos anticatólicos. Este texto desmascara alguns deles.

No dia 8 de março, a Sony anunciou que seu novo filme, The Unholy (“A profana”,
traduzido no Brasil como “Rogai por nós”), seria lançado na Sexta-feira Santa [1].

A data foi escolhida de propósito para marcar um contraste direto com a sacralidade do Tríduo Pascal. [N.T.:

O lançamento na Sexta-feira Santa foi nos Estados Unidos; no Brasil, a estreia do filme aconteceu  no dia 20 de maio de 2021.]

O próprio site do filme diz:

“No fim de semana mais sagrado do ano: The Unholy” [2].

O enredo, como sabemos pelo trailer e pela sinopse divulgada, centra-se em uma jovem com surdez parcial que,
depois de ser supostamente visitada pela Virgem Maria, passa a ouvir perfeitamente e a
fazer milagres a torto e a direito.

Por conta disso, ela arrebanha seguidores pelo
mundo todo, e um jornalista aposentado, para tentar reviver a carreira, decide fazer
uma reportagem sobre a garota.

No entanto, eventos terríveis sucedem com cada vez mais frequência, e o jornalista
começa a se perguntar se os fenômenos e milagres serão mesmo obra da Virgem Maria ou de
algum poder macabro.

O trailer repete a receita típica de um clássico de terror com
temática católica: freiras sinistras, padres corruptos e infiéis, cruzes queimando e
muito mais. O que se destaca como tema principal é a representação da Mãe de Deus em
várias formas malignas.

Há estátuas da Virgem a sangrar, imagens sacras de Maria
disformes e a desintegrar-se, além do protagonismo de um demônio que assume a forma de
uma Virgem Maria negra, em chamas e aterrorizante. No filme, encontramos os
estereótipos anticatólicos mais comuns e um perigoso incentivo ao aumento do poder de
Satanás e seus demônios.

Neste artigo, desejo abordar esses falsos estereótipos sobre
os católicos, as ideias perigosas e blasfemas apresentadas no filme e alertar de forma
inteligente contra ele.

No filme, encontramos os estereótipos anticatólicos mais comuns.

Primeiro, parece circular em Hollywood a ideia de que os padres católicos são, em sua
maioria, uns infiéis acovardados, prontos e dispostos a abandonar a fé a qualquer
momento e a lançá-la pelos ares ao primeiro sinal do demônio.

No trailer, vemos um padre cair rapidamente no feitiço da menina, tomar como fato que ela foi visitada pela
Virgem Maria e recusar-se a mudar de opinião até ficar cara a cara com o demônio em
pessoa.

Esse retrato banal dos padres é um exagero grosseiro e é, em quase todos os
casos, comprovadamente falso. Enquanto uma minoria de indignos, que renunciam
publicamente à fé, causam grande escândalo à Igreja e geram má fama ao catolicismo,
recebe toda a atenção da mídia, a vasta maioria dos padres é composta de católicos bons
e fiéis, que dão glória a Deus todos os dias e, pela graça divina, pastoreiam seu
rebanho.

Representar o padre católico como infiel, pedófilo ou covarde não é novidade
nos filmes de terror, e o fato de o estereótipo ainda ser usado e amplamente aceito faz
parte da agenda anticatólica de Hollywood.

Numa estatística do relatório John Jay sobre
os escândalos de abuso sexual na Igreja, vemos que, apesar de toda a atenção midiática,
apenas 4% de todo o clero dos Estados Unidos, entre os anos de 1950 a 2010, foram
acusados de abuso sexual [3].

Embora, ainda assim, sejam padres demais, o número está
longe das dimensões massivas sugeridas por Hollywood, segundo a qual, se você topar na
rua com um padre, é quase certo que ele terá algum tipo de “problema”.

Os padres são
apenas homens e, como tais, não são perfeitos, e há ainda aqueles que nem deveriam ter
passado pela rigorosa seleção do seminário. Mas isso não significa que possamos
descrever todos os padres com que topamos como infiéis ou pedófilos, ou as duas coisas.

O segundo estereótipo é o da paróquia católica de cidade pequena. Ela é supersticiosa,
cheia de católicos frouxos e facilmente dominada pelos demônios. Vemos isso acontecer
literalmente no trailer.

Não sei por quê, mas Hollywood parece pensar que paróquias
católicas isoladas são um prato cheio para demônios. O clichê de uma igreja infestada
deles, com imagens sacra a queimar, pentagramas nas paredes e estátuas da Sagrada
Família contorcidas e disformes, parece ser bastante comum se você for a uma igreja
católica do interior.

Mas esclareçamos as coisas: os demônios sabem mais sobre Cristo,
a ressurreição e a Igreja do que nós jamais saberemos. Por terem pecado, eles se
afastaram de Deus em todos os sentidos, de maneira que toda a Criação, como tal, é para
eles um suplício, uma vez que tudo foi criado pelo Deus a quem traíram.

No entanto,
graças à Paixão e Morte de Jesus Cristo, o poder de Satanás e dos demônios está
subjugado para sempre! As portas do inferno foram destruídas pela Ressurreição de
Jesus. Nenhum demônio pode ficar de pé diante de Nosso Senhor!

Graças à Paixão de Cristo, o poder de Satanás e dos demônios está subjugado para
sempre.

Além do mais, sabemos pelos exorcismos que a Eucaristia é um elemento-chave para
expulsar o demônio de um corpo. Por isso, é uma completa burrice acreditar que algum
demônio poderia tomar o controle de uma igreja, edifício consagrado a Deus, com a
Sagrada Eucaristia no sacrário, o qual se torna, em cada Missa, uma representação do
céu.

Só pelo fato de a Eucaristia estar presente numa igreja, nenhum demônio pode
suportar ficar em seu interior: a própria presença de Jesus lhe é repulsiva, quase como
uma dor física. Para um demônio, não valeria a pena o esforço de tomar o controle de
uma igreja, na qual ele só poderia entrar depois de tê-la reduzido, na prática, a um
edifício como outro qualquer.

O filme evidencia ao mesmo tempo um estereótipo muito comum e uma ideia altamente
perigosa na forma como representa a Virgem Maria. É óbvio que o filme apela para a
ideia de que os católicos “adoram” Maria.

É uma opinião que muitas seitas cristãs,
outras religiões e até o mundo secular têm em comum a respeito dos católicos. Eu
poderia entrar agora em detalhes, dando todas as razões que demonstram que não adoramos
Maria, mas vou tratar o assunto de forma simples. Quando a Igreja nos ensina a rezar à
Virgem Maria, e quando santos como São Luís de Monfort dizem coisas assim:

“Devemos
fazer um sacrifício de nós mesmos, inteiramente (em corpo e alma, em nossos bens
exteriores e em nossos bens espirituais interiores), a Nossa Senhora”,

não estamos pondo a Deus e Maria em pé de igualdade nem dirigindo a ela um culto de adoração.

Trata-se, fundamentalmente, de pedir a Maria que interceda por nós junto ao seu Filho
Jesus. Como dizemos tantas vezes: Ad Jesum per Mariam, “A Jesus por Maria”.

Não estamos
apenas rezando a Maria; estamos, de certo modo, rezando a Deus com Maria e pedindo-lhe
que nos ajude em nossas súplicas ao Senhor. Por suas palavras na Cruz ao apóstolo São
João, Jesus nos deu de presente sua própria Mãe, Maria, como Mãe dos homens, e como tal
lhe temos grande estima.

Afinal, ela não só deu Nosso Senhor e Salvador à luz, mas é
também nossa Mãe em todos os sentidos da palavra. Ora, é comum ao longo da história, em
todas as civilizações, que a mãe seja objeto de honra e louvor.

No trailer, vemos a
garota convencer seus seguidores a “crer e adorar Maria”, e muitas pessoas, em todo o
mundo, lhe obedecem, curvando-se às imagens da Virgem Maria. A meu ver, é uma tentativa
de mostrar que “adorar” Maria é como uma segunda natureza para os católicos; por isso,
vemos as pessoas apaixonar-se facilmente pela pregação da menina.

Essa ideia, além de muito errada, é bastante perigosa, pois o estereótipo de que os
católicos “adoram Maria” já tem muita força hoje em dia, razão por que vários católicos
relaxados que eu mesmo conheci pessoalmente têm apelado à suposta “adoração a Maria”
como “motivo” para abandonar a Igreja.

É um esquema chamativo pelo qual os produtores
atraem as seitas cristãs que acreditam que os católicos adoram Maria e, ao mesmo tempo,
procuram abalar a fé dos católicos frouxos que vierem a assistir ao filme.

Por fim, ao
apresentar este demônio com a aparência de Maria, o filme está simplesmente alimentando
um estereótipo já existente e, portanto, não está nos dando nada de novo ou
estimulante. É apenas mais um filme de terror anticatólico que aproveita todas as
velhas mentiras contra a fé.

É uma completa burrice acreditar que algum demônio poderia tomar o controle de uma
igreja, edifício consagrado a Deus.

Na minha opinião, nenhum católico firme na fé assistirá ao filme, mas seus amigos
cristãos e os católicos relaxados sim, e é por isso que estou dando a vocês algumas
coisas para lhes dizer, a fim de expor as falácias teológicas do filme e convencê-los a
não assistir a ele.

Em primeiro lugar, o filme tenta mostrar que a suposta aparição
mariana consegue popularizar-se em massa em muito pouco tempo. Explique ao seu amigo
que já houve muitas aparições falsas no passado e que a Igreja tem critérios muito
claros para julgar se uma aparição é real ou não.

Não há como uma aparição ser capaz de
ganhar tantos seguidores antes de o bispo local ou o Vaticano intervir e classificá-la
como falsa ou de origem demoníaca. Em segundo lugar, o viés antimariano é forte e você
precisará enfrentá-lo.

Tudo o que disse acima ao falar sobre Maria é um bom ponto de
partida; mas, se você quiser levá-lo a uma conversa mais profunda, pesquise sobre os
Padres da Igreja, especialmente Santo Agostinho.

Por último, mostre a ele quais são os
clichês e estereótipos batidos usados no filme. Não se trata de um novo filme de
terror; é a mesma salada de sempre, com todos os chavões anticatólicos de Hollywood que
já vimos uma e outra vez.

Em suma, não espero que seja um bom filme, mesmo em termos técnicos.

Com uma pontuação
de 33% no site Rotten Tomatoes, 5/10 no IGN e uma resenha intitulada Holy Crap, The
Unholy is a bore (“Caramba, The Unholy é um tédio”), não me preocupa muito que o
impacto do filme dure muito.

No entanto, as discussões que ele vai inspirar vão durar
muito mais do que a memória do filme e, como católicos, devemos fazer o que está ao
nosso alcance para evangelizar e proteger tanto a nossa fé quanto Nossa Senhora das
mensagens falsas que The Unholy nos apresenta.

 

https://youtu.be/OAoCzqj_WUs

Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere

Opinião Templário de Maria.

Rogai por nós esta na programação do Cine Prime, no Anashopping

Link original da matéria:
https://templariodemaria.com/filme-rogai-por-nos-uma-armadilha-anticatolica/?
utm_source=onesignal&utm_medium=onesignal

 

 

Para além dos cartazes representando a Mãe de Deus em várias formas malignas, o filme “Rogai por nós”, que estreou no Brasil neste dia 20 de maio, também está repleto de estereótipos anticatólicos.
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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