Uma série imperdível!
Percy Jackson contorna deslizes com simpatia em série do Disney+
Universo de Rick Riordan corrige erros da adaptação anterior, mas cai em armadilhas da fidelidade
Diz a sabedoria popular que “nada é tão ruim que não possa piorar”, mas, para o bem da franquia e felicidade geral dos fãs, Percy Jackson e os Olimpianos retornou ao live-action em uma adaptação nem de longe pouco inspirada como os filmes da década de 2010.
Ainda que também tenha seus deslizes, a trama chega ao Disney+ envolvida num carismático e, na maior parte do tempo, bem feito envelope de aventura juvenil.
A série adapta em oito episódios O Ladrão de Raios, o primeiro volume da série de livros.
Se a versão para o cinema foi deserdada até pelo autor Rick Riordan, agora o escritor não só fez questão de supervisionar todos os aspectos da produção, como também assina o roteiro em diversos episódios, o que resultou numa obra mais fiel à visão dos livros.
Para o bem e para o mal.
Para o bem porque, de cara, a história do jovem semideus retoma o frescor do olhar mais lúdico e infantil da franquia.
Percy Jackson volta à pré-adolescência com o ator Walker Scobell. Junto dos colegas Leah Sava Jeffries, a Annabeth, e Aryan Simhadri, o Grover (todos na faixa dos 14 a 17 anos), o jovem descobre que está no meio de um impasse que pode causar uma devastadora guerra entre os deuses do Olimpo.
Acontece que o poderoso raio de Zeus foi roubado, o que dá a Percy e companhia apenas uma semana para reaver o artefato mágico antes de um conflito que pode abalar o mundo.
Usando as lendas da mitologia grega como preâmbulo, Percy Jackson e os Olimpianos acerta ao mesclar o lado místico com o cenário urbano no qual a trama se desenrola.
Isso rende paralelos interessantes já conhecidos dos fãs dos livros, como o Monte Olimpo se situar no topo do altíssimo Empire State Building, ou relações entre divindades como Ares, Hades e Medusa, ganharem uma dose de pé no chão que deixa suas histórias críveis, na medida do possível.
O problema é que, mesmo com oito episódios e toda a liberdade criativa, todo esse contexto fantástico nunca é explorado com todo o potencial, passando a impressão até de que a adaptação foi feita às pressas.
O ritmo irregular prejudica até mesmo o entendimento do espectador menos familiarizado com as figuras mitológicas, com o tanto de informação despejada a cada episódio.
Isso vira uma contradição justamente se pensarmos que, em teoria, o formato seriado deveria permitir mais espaço e respiros para que os eventos se desenrolem.
Apesar disso, o trio protagonista cativa o suficiente para que acompanhemos a jornada dos heróis.
Mesmo com a pouca idade, Scobell, Jeffries e Simhadri convencem com uma boa química e, caso a série siga por anos, podem até surpreender com atuações cada vez melhores.
É perceptível que há um carinho do elenco e da equipe para com a nova adaptação, o que faz com Percy Jackson e os Olimpianos seja um produto melhor que seu antecessor (o que, convenhamos, não era difícil).
Mas também dita um caminho interessante para o futuro, se uma nova temporada for confirmada, desde que o roteiro seja um pouquinho mais afiado como a espada de um semideus.
Por: Pedro Siqueira