ESPECIAL : Lava Jato

Em quase cinco anos

Lava-Jato de Curitiba condenou 155 pessoas

Num dos capítulos mais recentes, força-tarefa mirou em operador ligado ao PSDB e pediu afastamento de Gilmar Mendes

Às vésperas de completar cinco anos, balanço divulgado nesta quinta-feira pela Lava-Jato de Curitiba aponta que, ao todo, já foram proferidas 50 sentenças que levaram a condenação de 155 pessoas.

De acordo com a força-tarefa, se somadas as penas chegam a 2.242 anos e 5 dias. E esse número pode aumentar, já que 426 pessoas foram denunciadas pelos procuradores

Dentre os sentenciados, no entanto, vários fizeram acordos de delação premiada e cumpriram medidas cautelares. No último levantamento feito pelo GLOBO, em dezembro, havia 35 presos da Lava-Jato de Curitiba que cumpriam pena em regime fechado.

Ao longo dos últimos anos, a força-tarefa espalhou filhotes por Rio, Brasília e São Paulo e se notabilizou por ações ousadas: prendeu ex-ministros, governadores e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista acabou condenado e atualmente cumpre pena a 12 anos e um mês de prisão em Curitiba.

Nesta quarta-feira, o juiz Luiz Antonio Bonat assumiu a 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba na vaga do hoje ministro e ex-magistrado Sergio Moro com pelo menos 12 processos já prontos para julgar. Bonat terá sob sua batuta um total de 41 ações penais em andamento, segundo levantamento da reportagem.

Bonat julgará ações penais que tem como réus políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega, além do ex-deputado Eduardo Cunha.

A estreia do magistrado na condução dos casos da Lava-Jato aconteceu nesta tarde. Na audiência, o juiz ouviu o depoimento de testemunhas de acusação de um processo que investiga a construção de um prédio da Petrobras em Salvador.

Ação mira em operador do PSDB
Num dos capítulos mais recentes, a Lava-Jato se insurgiu contra o ministro Gilmar Mendes , que chegou a fazer críticas públicas contra a operação, e elegeu um novo alvo: o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que é apontado como operador de propinas do PSDB.

Paulo Souza foi preso pela força-tarefa de Curitiba no dia 19 por suspeita de lavagem de dinheiro. A ação foi uma cartada dos procuradores contra o operador, que respondia os processos em liberdade.

Ao relacionar acusações de desvios de dinheiro cometidos por Paulo Souza a repasses para ex-diretores e ex-gerentes da Petrobras, a força-tarefa conseguiu afastar dos casos do ex-dirigente da estatal paulista a relatoria de Gilmar Mendes, responsável por analisar os recursos feitos ao STF por investigados da Justiça paulista.

Pouco dias antes da prisão de Paulo Preto, no último dia 13, um habeas corpus de Gilmar em favor do ex-dirigente da Dersa anulou a última fase do processo por suspeita de desvios de R$ 7, 7 milhões das obras do Rodoanel, o que levaria a prescrição do caso.

Em posse do celular apreendido do senador Aloysio, os procuradores encontraram ligações feitas entre o tucano e o gabinete do ministro Gilmar Mendes. Para a força-tarefa, as conversas seriam o suficiente para pedir o impedimento do ministro do STF em casos que envolvem o ex-dirigente da Dersa.

Os contatos entre o senador e o ministro foram feitos no dia 11, às vésperas da concessão do habeas corpus de Gilmar em favor de Paulo Preto. No entanto, duas semanas depois, no último dia 1, o ministro revogou sua própria decisão.

Para a Lava-Jato, as ligações demonstrariam que Aloysio buscou interceder a favor de Souza por meio de “relação pessoal” com o ministro do STF.

O ministro negou e reiterou que reconsiderou a decisão no dia 1, o que levou a nova condenação do ex-dirigente da Dersa a 145 anos. A sentença foi proferida pela juíza da 5ª Vara Federal de São Paulo Maria Izabel do Prado, que já havia condenado Souza em outro caso a 27 anos, no mês passado.

O senador Aloysio não quis comentar o caso.

A Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, ainda não se manifestou sobre o pedido da lava-Jato de Curitiba pela suspeição do ministro. Se for favorável, Dodge pode levar o pedido para análise do presidente do ministro Dias Toffoli, presidente do STF.

Link original da matéria:
https://oglobo.globo.com/brasil/em-quase-cinco-anos-lava-jato-de-curitiba-condenou-155-pessoas-23506151?utm_source=notificacao-geral&utm_medium=notificacao-browser&utm_campaign=O%20Globo


Àrea interna da Cadeia Pública José Frederico, em Benfica: colaborações premiadas, progresão de regime e decisões judiciais ajudaram a retirar do regime fechado mais de três quartos dos presos oela Lava Jato em Curitiba Foto: Fernando Lemos Agência O Globo
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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