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ÚLTIMO ADEUS:

Salvador se despede de Mãe Carmen sob emoção, cânticos e o silêncio sentido de quem não pôde estar presente

Salvador parou. Vestiu-se de branco. Silenciou para ouvir os cânticos em iorubá que conduziram Mãe Carmen, ialorixá do Terreiro do Gantois, da terra ao Orum.

Um adeus carregado de emoção, ancestralidade e respeito a uma das maiores lideranças religiosas e culturais da Bahia.

No Cemitério Jardim da Saudade, sob o sol do início da tarde, um Pai-Nosso abriu a despedida.

Em seguida, os versos de “Como É Grande o Meu Amor por Você”, de Roberto Carlos, ecoaram como declaração final de afeto.

No candomblé, música é linguagem espiritual  e naquele momento, cada nota parecia preparar o caminho da ialorixá para o céu dos orixás.

  • Centenas de pessoas acompanharam o ritual.
  • Todas de branco.
  • Todas conscientes de que não se enterrava apenas um corpo, mas se celebrava um legado.
  • Presenças que falam da grandeza de um legado

 

Entre as muitas personalidades que fizeram questão de estar presentes estavam Daniela Mercury, Margareth Menezes, o prefeito Bruno Reis, o ex-prefeito ACM Neto, além de líderes religiosos, artistas, representantes do movimento negro e autoridades públicas.

Cada depoimento reforçava a mesma ideia:

Mãe Carmen era unanimidade.

Uma matriarca que acolhia, aconselhava, ensinava e resistia. Uma guardiã da fé, da cultura afro-brasileira e da luta contra a intolerância religiosa.

A ausência sentida de João Jorge — e uma dor compartilhada

Entre os nomes mais lembrados durante a despedida estava o de João Jorge Rodrigues.

Fundador e ex-presidente do Olodum, João Jorge hoje ocupa a presidência da Fundação Cultural Palmares.

Por compromissos institucionais previamente assumidos em Brasília, ele não pôde estar fisicamente presente em Salvador.

Ainda assim, sentiu — e fez questão de manifestar — a dor da ausência.

João Jorge lamentou profundamente não ter conseguido se despedir pessoalmente de Mãe Carmen e destacou a dimensão da perda para a Bahia e para o Brasil.

Segundo ele, a ialorixá deixa um vazio que não será preenchido, mas também uma responsabilidade coletiva: honrar, preservar e dar continuidade ao legado que ela construiu.

Para João Jorge, Mãe Carmen não foi apenas uma liderança religiosa  foi uma referência moral, cultural e espiritual que marcou gerações e seguirá viva no coração do povo baiano.

Da terra ao Orum, com história e dignidade

O sepultamento aconteceu em um jazigo próximo ao de Mãe Menininha e Mãe Stella de Oxóssi, símbolos eternos do candomblé.

Ali, sob cânticos ancestrais, pediu-se aos encantados que conduzissem Mãe Carmen com luz, proteção e honra.

Ela parte como viveu:   cercada de amor, respeito e reconhecimento.

Salvador perde uma matriarca.

A Bahia perde uma referência. O Brasil perde uma voz de equilíbrio, fé e resistência.

Mas o Orum ganha uma ancestral que continuará guiando caminhos, inspirando lutas e protegendo seu povo.

Por Gildo Ribeiro
Redação 7Minutos — Brasília

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Corpo de Mãe Carmen chegou ao Cemitério Jardim da Saudade após cortejo pela cidade por Arisson Marinho/CORREIO
Enterro de Mãe Carmen reuniu líderes religiosos; na foto, Padre Lázaro (à direita) por Arisson Marinho/CORREIO
Bruno Reis e ACM Neto se despediram de Mãe Carmen por Arisson Marinho/CORREIO
Corpo de Mãe Carmen é enterrado no Jardim da Saudade por Arisson Marinho/CORREIO
João Jorge
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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