Uma existência perfeita está na realização dos ideais de juventude em uma vida madura”.
(Alfred Vigny).
Para Ernst Becker, psiquiatra alemão, autor de A negação da morte, “nossos
projetos de imortalidade são os valores” que temos em mais alta conta; não os valores
materiais e fungíveis, mas os que constituem o barômetro do significado que transcende nossa
imanente existência terrena.
“Quando esses valores falham, também falhamos, em termos psicológicos. O que Becker nos diz –
assinala o autor de A arte de ligar o botão do foda-se” – é que o medo impulsiona as pessoas a
se importarem demais, porque se importar com alguma coisa é a única forma de se distrair da
realidade implacável da morte: “Todo o significado da vida humana é moldado por esse desejo
inato de nunca morrer”.
“…) religião, esporte, arte e inovações tecnológicas são o resultado dos projetos de
imortalidade das pessoas. Becker argumenta que as guerras, revoluções e genocídios acontecem
quando os projetos de imortalidade de um grupo de pessoas colidem com os de outro.
Séculos de opressão e derramamento de sangue de milhões de pessoas foram justificados como
sendo projeto de imortalidade de um grupo em detrimento de outro”. Loucos, insanos projetos,
uma vez que a imortalidade é um desejo impossível, e todos, ao final das guerras, dos ataques
com armas de todos os tipos, desde balas, mísseis ou vírus, todos morrerão.
De “morte morrida”
ou matada, com maior ou menor idade, um dia partirão deste mundo.
Uma vez sendo sabido que existe, e é urgente cultivar uma arte de viver, também é
imprescindível ao menos tentar aprender os rudimentos da sábia e tranquila arte de morrer,
vivendo a morte em suas mutações e passagens, aceitando-a da melhor maneira que pudermos.
By *Brasigóis Felício é escritor e jornalista. Membro da Academia Goiana de Letras, União Brasileira de Escritores, seção de Goiás e Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiás e colunista do Portal 7Minutos.