Quando o silêncio jorrava
Tenho saudade do tempo
em que não existiam
caixas de som, amplificadores
e auto-falantes
gritantes e ruidosos,
a espancar o silêncio do mundo.
Tempo em que dias e noites
jorravam, em silêncio profundo
dos quintais solarengos
das chácaras, sítios, fazendas
e subúrbios das cidades
quase sem movimento,
como se tivessem
paradas, no tempo.
Não existia essa compulsão frenética
uma quase obrigação social e religiosa
de espancar os ouvidos de todos
o tempo inteiro, em um fluxo incessante
Tenho o sonho de viver
em um lugar tranquilo,
em que o existir do humano
possa fluir com lentidão
– tempo e lugar em que
seja possível escutar
o silêncio jorrar.
By Brasigois Felício
*Brasigóis é escritor e jornalista, membro da Academia Goiana de Letras e Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiás e colunista no Portal 7Minutos.